segunda-feira, 8 de junho de 2009

A ESCADA DE JACÓ - Ana Martha


A ESCADA DE JACÓ



Fugindo de Esaú, Jacó vai para o deserto. Lá ele encontra uma pedra e usa de travesseiro. Sonha e "vê uma escada apoiada no chão e a outra ponta tocando o céu. Por ela subiam e desciam anjos de Deus". ( Gn 28:12)
O arquétipo da escada de Jacó é usado em várias religiões e culturas. No cristianismo, é o caminho para alcançar o céu; para a cabala equivale a árvore da vida; no espiritismo é o elo para se comunicar com os espíritos.
Todas as interpretações levam ao mesmo grau de entendimento - o elo entre o céu e a terra, entre o corpo e o espírito, transcendência e racionalidade, o limite e ilimitado, o que é e o que não é, o que se vê e o que não se vê, a sombra e a luz.
O importante de compreender com a escada de Jacó, não é que é necessário subi-la, mas sim andar por ela (anjos subiam e desciam), tão importante quanto alcançar o lado mais alto e manter-se em contato com o mais baixo. Manter-se no caminho do meio. A subida sem dúvida é mais difícil, caímos e levantamos várias vezes. A subida é lenta, e exige um coração e uma mente aberta.
Às vezes tentamos alcançar a luz sem aprendermos a conhecer nossa sombra. Não se trata de continuar a viver com ela, mas conhecê-la e a partir daí, aprender a conviver com ela. Anselm Grun diz " que é descendo para nossa condição terrena que nós entramos em contato com o céu, com Deus".
A jornada pela escada de Jacó não é e nem deve ser fácil. Não há como pular degraus e, assim como almejamos chegar ao topo, devemos saber descer quando preciso.
Thomas Merton disse que a "maior distância que existe é entre o coração e a mente". Gosto de entender que entre os dois está a escada de Jacó, uma ponta no coração, outra na cabeça. Quando criamos este vínculo, encontramos o objeto de nossa procura.
Até agora não falei dos anjos que subiam e desciam a escada – nosso suporte no trajeto – nos guiam, protegem, aconselham, nos amparam. Pura energia a que precisamos absorver no trajeto.
Fala-se muito em aprender a enxergar com os olhos do coração. A raposa dizia ao Pequeno Príncipe: – "o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração". Palavras bonitas, qual de nós não gostaria de ter este tipo de visão. Mas o cotidiano, nem a condição terrena em que se encontra nosso espírito no momento, nos permite isso. É preciso todo um aprendizado. Um aprendizado longo, que não terminará, com certeza, nesta etapa da vida. Quando falo de vida, não me refiro ao período entre o nascimento e a morte, mas a grande jornada espiritual a qual passamos, às vezes materializados aqui na Terra, às vezes não.
O aprendizado é feito de várias formas, vários caminhos, e precisamos vivenciá-los. A meditação, oração, silêncio, exercícios físicos, alimentação saudável, tudo faz parte. A compaixão, não somente pelos homens, mas pelas plantas, animais, pelo planeta. Pela luta por aquilo que acreditamos, porque cada um de nós tem uma missão. Não precisamos acreditar nas mesmas coisas. Quem se dedica a luta pelos animais, quem se dedica a luta contra a destruição do planeta, não tem uma luta menos importante do que aquele que luta pelos doentes, pela fome, pela paz.
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Ana Martha - Campinas/SP

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