Benedito Franco
O Iraque tem petróleo?... O Afeganistão tem petróleo?... Este não, um país paupérrimo, mas sua posição estratégica, espremido entre o Oriente Médio, a Ásia Central e a Índia, foi, e é, disputado por vários países – tanto pela Rússia imperial como pelo império britânico... e hoje, pelos Estados Unidos. Isso torna moralmente justificável a matança de inocentes em duas guerras, a ponto de se tornar moralmente justificável um Prêmio Nobel da Paz?
Os aposentados vamos pedir o Prêmio Nobel da PÁS para o Presidente Lula-la-la!!!
RIO DE JANEIRO
050 - A estética da coisa!
Quando cheguei ao Rio de Janeiro, no meio do mandato do Presidente JK, o povo ligava o rádio para ouvir os maravilhosos debates dos deputados, no Palácio Tiradentes, e dos senadores, no extinto Palácio Monroe. Valia a pena ouvi-los nas discussões. Tanto na Câmara quanto no Senado, grandes oradores, como Carlos Lacerda, Baleeiro, Adauto Lúcio Cardoso, Afonso Arinos... Acreditava-se ainda no político - tinha personalidade marcante e caráter.
Em um escritório de contabilidade, o meu primeiro emprego, no Bairro de Fátima. Morava bem perto, na Lapa. Durou pouco esse emprego - com menos de dois meses de trabalho, por motivo de economia, alguns colegas e eu fomos dispensados - nem fichado tinha sido eu.
Mudei para Copacabana, onde ia à praia todos os dias após o serviço. No centro, ao lado da Praça Mauá, entrei para o escritório das Lojas Brasileiras, no Departamento do Pessoal - na época, a maior cadeia de lojas do Brasil, hoje inexistente. Situada no início da Av. Venezuela, entre o Hospital dos Servidores, a Rodoviária antiga, a Imprensa Nacional (agora, sede da Polícia Federal) e o prédio da Rádio Nacional, Praça Mauá, onde os programas de auditório eram o máximo no Brasil - lugar dos artistas globais: Paulo Gracindo, César de Alencar e os cantores Emilinha Borba, Ângela Maria, Marlene, Silvio Caldas, Orlando Silva, Cauby Peixoto etc.
Nas Lojas Brasileiras tinha os colegas Sebastião de Carvalho, ainda hoje um grande amigo, e um outro, o Zé Roberto. Almoçávamos no restaurante popular na Praça da Bandeira - apesar de bem longe, íamos e voltávamos a pé - um bom pedaço de chão - com o calor do Rio, suávamos às bicas! Gastávamos as energias adquiridas no almoço.
Pneus General
Meu primo, Sr. Waldomiro de Castro - de Antonio Dias, MG, onde fora prefeito - era o chefe do Departamento do Pessoal na fábrica da Pneus General, em Queimados, RJ - Km 27 da Rodovia Presidente Dutra. Sr. Castro levou-me das Lojas Brasileiras para ser um de seus auxiliares. Viera ele da fábrica da Pneus Brasil, de propriedade de um seu conterrâneo, o Dr. Carvalho de Brito - a única fábrica de pneus genuinamente brasileira até hoje. Carvalho de Brito, filho do Coronel Fabriciano, proprietário da primeira usina hidrelétrica fornecedora de energia para Belo Horizonte e dono de algumas tecelagens em Minas; em Minas, ocupou algumas Secretarias de Estado e, indo para o Rio de Janeiro, foi Ministro da Fazenda, no governo do Getúlio Vargas.
De Copacabana a Queimados são bem uns setenta quilômetros - mudei-me para o Catete, em frente aos colossais portões da Beneficência Portuguesa - quinze quilômetros a menos.
No Rio, tinha eu a companhia, morávamos perto, dos primos José Franco e o Vianney. Com o Vianney, íamos, na Tijuca, à casa do Dr. Euzébio - irmão do Dr. Carvalho de Brito e padrinho do Vianney - ele ajudou muito à Vovó Olinda, mãe de meu pai, quando ela enviuvou, arranjando-lhe o emprego no Grupo Escolar de Antonio Dias.
O assistente direto do Sr. Castro era o Oscar, a quem eu mais me reportava.
Datilógrafo
No primeiro dia de trabalho, o Oscar deu-me uma carta para datilografar - uma meia página de texto. Com muita dificuldade catamilhiografei. Oscar pega o papel, corrige os muitos erros e pede para eu datilografar novamente. Mais alguns erros, e lá fui eu repetir o feito, uma, duas, três... "n" vezes. Agora, sem erro, o Oscar pede-me para ver se eu conseguiria dar uma ajeitada, colocando o texto um pouco para baixo, um pouco para cima, no meio da folha... uma vez foi a data muito acima do texto... outra o "Atenciosamente" abaixo do desejado... outras as margens atrapalhando a estética do conjunto...
- Olhe a estética da coisa, dizia-me ele!
E assim, fiquei todo aquele dia, catamilhiografando a bendita carta!
Valeu a pena. Hoje, tudo que escrevo, ou faço, procuro, dentro do possível, seguir os passos do Oscar: esforço-me para achar a estética da coisa!
Benedito Franco
Gostou?... Repasse para os amigos!
Veja também: www.paralerepensar.com.br/beneditofranco.htm
Vamos doar sangue? Se você não pode, encaminhe um parente ou um amigo!