terça-feira, 30 de junho de 2009

PAPO DE CULTURA - Ione Jaeger


O POETA MARCO DE NUNES

Marco de Nunes é poeta. Nasceu poeta. Trouxe de bagagem virtudes de um poeta: sensibilidade, inspiração e imaginação.

Dono de um estilo vibrante, brinca com verdades e fantasias, jogando para o alto, amparando-as num discurso verbal estético - com melodia, ritmo e harmonia - agradável ao ouvido, mergulhando fundo na alma do leitor: "...vejo o horizonte enferrujado/desbravado pelas asas de uma andorinha/voando feliz/embora sozinha".
Usa de extenso vocabulário retratando sofrida maturidade para um jovem, vinte anos: "...corri ao esconderijo do tempo não tive tempo de procurá-lo".
Na realidade desse auxiliar de pintor de parede, Marco pincela a condição humana, ora com suaves matizes, ora com pesadas cores: "...No labirinto das almas/ a vida na selvagem máquina revela:/ O mundo - Cavalo de Tróia/a humanidade - mitologia grega/nossos atos - artes sem sentido/nossos sentimentos - pinturas abstratas".
Dilui no embalo dos versos emoções doridas, evocando sensações e todas as mazelas que o homem - sensível - pode experimentar: "Vi fantasmas a me torturarem/fantasmas vestindo o meu passado/rabiscando meus erros na parede do quarto".
Faz das tristezas da vida a beleza de seus poemas: "...o tempo era bem mais que um simples relógio de parede".

Lírico, canta a vida: "...sou um kamikase aprendendo a viver"; canta o amor: "Fui amado, odiado, anjo, diabo; canta a morte: "ontem procurei sentido para continuar vivendo, não encontrei" ; canta as flores: "As flores estão no pedido de desculpas pelo atraso do relógio". Intimista, o eu é presença constante: "Chamam-me de poetastro/o português me renega/não aprendi/não lecionei".
No imaginário, o poeta lida com muita riqueza e propriedade a linguagem figurada: "A humanidade deitou-se na cama/ masturbou-se com vontade/gozou sobre a mais bela arte/orgasmo destruidor!"

A situação de operário da construção civil, às vezes desempregado, transmite em poesia a realidade vivida: "Estou cansado!/Meu corpo não agüenta mais andar sem rumo/à procura de trabalho/ Meus olhos só enxergam portas fechadas/meus ouvidos só escutam - não!/Até quando teremos que secar as lágrimas diante deles?/Sinto que dias melhores virão/se é que virão!"

Sente as desigualdades sociais e se dirige em prol dos oprimidos: "Ó Maria, rogai por suas filhas Marias/que concebem filhos em diversas estrebarias".





O hamburguense Marcos Tiago Nunes Diogo, no poeta MARCO DE NUNES, garante um consagrado lugar na arte melódica e soberana da literatura - sua excelência - a POESIA. (SARAU - Ione Jaeger)




MARCO DE NUNES tem editado HÁ FLORES NA JANELA Gráfica e Editora PAIN - Novo Hamburgo/RS. 2002 - POESIAS, 80 páginas, capa e ilustrações de ANDERSON NEVES, artista plástico hamburguense, sócio da ACAART. Orelhas – Geovana Pagel, jornalista. Revisão e apresentação Ione Jaeger. O livro tem APOIO CULTURAL da ACAART

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