sexta-feira, 21 de agosto de 2009

MIRANTE - Marcelo de Quadro




O dia em que a Ética se enforcou, de vergonha, no Senado

Dia 19 de agosto de 2009. Este dia entrou, miseravelmente para a história. O Senado, no Brasil, não respira mais. Foram arquivadas as denúncias contra o seu presidente, o Senador José Sarney. Desesperada, a Ética se enforcou. Não suportou tamanha falta de vergonha explícita. Morreu e se enterrou, definitivamente, depois que estranhamente o Presidente Lula colocou a sua mão sobre o senador Sarney, para protegê-lo das diversas denúncias de irregularidades que pesavam sobre o autor dos ‘Marimbondos de fogo’. O ex-presidente que é do Maranhão, onde sua filha Roseane é governadora, mas que elegeu-se pelo estado do Amapá. É tudo muito estranho. E o PT, que é governo, virou como que uma espécie de prostituta da política moderna no Brasil. Quem ouve e vê nem acredita. Mas são apenas fatos e nada mais. Será fisiologismo presidencial?!

Agora já não adianta as viúvas fazerem coro em choro, resmungando que vão tirar lições do fato e que a vida continua. É mentira, são mentirosos. Não há mais vida. Um novo estado da matéria tomou conta da política nacional, mas principalmente no Senado. Agora tudo lá é pastoso e cinzento. De longe sentimos o cheiro de enxofre, da putrefação e outros similares. Só restou cinza e solidão. A serpente do poder enganou a todos e fê-los comer do fruto proibido; mentindo que permaneceriam num ‘mar-de-rosas’, ou no paraíso, para quem acreditou. Oh, Evas da política! Até quando vos suportaremos assim: ingratos, mentirosos, fracos, repugnantes?

Sabiam que estavam sendo pressionados a mentir e a enganar o povo. Mesmo assim fizeram. Permitiram-se enganar e enganaram os demais, a nação. Será que ‘rolou’ jeton?! Agora é tarde para tentarem comprar óleo para suas lamparinas apagadas. A sua luz não brilha mais. Ninguém mais quer ter parte com esse tipo de gente corrupta, corruptora, medrosa, interesseira e desinteressada de colocar em prática os discursos pregados para se eleger. Esse tipo de político não pode mais ser adquirido (votado) nem com receita médica. Esses são aqueles que vêm com a tripla tarja preta: não devem falar, não ouvem a comunidade e não enxergam a areia movediça onde se meteram.

Aliás, se algum deles ainda se considera digno da função que se demita, por que o Senado perdeu a validade. Este time não tem mais condições de classificação. Não honrou a camiseta, nem o alto salário recebido. Não merecem nem ser vereadores nas suas cidades. Mesmo não sendo possível voltar no tempo (pelo menos ainda não na forma física) precisamos usar o controle remoto e mudar o canal nas urnas. Esses homens ou essas siglas devem ser banidas da nossa mente. E não adianta dizer ou acreditar que nesses partidos existem pessoas confiáveis. Sabemos que isso não resolve, pois quem manda nesses partidos é do Mal. Então, se há alguém que ainda respire, tome sua cruz e siga por outro caminho. Se permanecer nesta casa será vítima do Herodes político. Não há outro jeito. Pegue sua família e caia fora hoje. Um dia a mais nesta selva pode significar a sua morte política. Os animais são ferozes, estão famintos e soltos. Não tem como se salvar no meio deles.

Mas nós bem sabemos quem são os responsáveis por essa Nova ‘Desordem’ Política Nacional. São aqueles que, antigamente na oposição, brigavam e pregavam a ética, ameaçando até, alguns deles, pegar em armas para livrar o país de uma ‘corja’ que envergonhava o Brasil perante outras nações. Essa teoria e conversa nos vendiam como liturgia diária, nos altares sacros e outros palcos oportunistas. Estavam sempre lá, batendo na mesma tecla e insistindo na necessidade e urgência da mudança, para o bem de todos. Lutaram contra a ditadura, alguns morreram por essa causa. Sempre sustentando que a verdade deveria prevalecer e vir à luz. Doesse a quem doesse.

Fundaram um novo partido e nele colocaram um sobrenome de gente trabalhadora. Continuaram lutando e chegaram ao poder. A esperança tinha vencido o medo. Agora a verdade prevaleceria. A luz brilharia nas trevas e haveria felicidade e fartura para todos. Mas o filme não tinha acabado. No intervalo comercial mudaram o roteirista, a pedido do novo patrocinador. O novo roteirista chegou fazendo mudanças de elenco e de funções. Dizia ele que alguns ‘mocinhos tinham que virar bandidos e bem assim alguns bandidos tinham que ser os novos mocinhos’. Adiantou que o brasileiro está acostumado com estes enredos nas suas novelas e por isso não iria estranhar nem reclamar. No máximo diria que era mais uma novela filmada num novo cenário, mas que no final, como nas últimas novelas, nem sempre os bons vencem. Além do mais era preciso continuar exportando esses feitos. E lá fora o estrangeiro tinha um padrão de qualidade diferente do estávamos acostumados a produzir.

Mudanças eram necessárias. Até alguns ‘artistas estrangeiros’ seriam contratados para encorpar a trama e dar mais veracidade nas cenas. Afinal, eles já tinham experiência de outros governos, aliás, de outras tramas. Era preciso sair da primariedade e entrar na era do profissionalismo. Nunca na história deste país se mudou tão rápido da teoria para a prática. Era preciso gente que fosse boa de câmera(de foco)e decorasse rápido as suas falas. Não importava se já tivesse feito papel de vilão. Era esse tipo de programação que vendia e que podiam atirar, todo dia, no colo do trabalhador e sua família, que chegavam em casa cansados. Aliás, mesmo assim, feliz por poder trabalhar quase meio ano só para pagar o imposto dos artistas que detém o poder.

Voltando dos comerciais, recomeça a trama. Agora já não adianta senadores, como Cristóvão Buarque, virem a público dizer que o Senado é fundamental para a Democracia, por que não vai resolver nada. Chega dos discursos de Pedro Simon e sabe-se lá quem mais! Chega! São palavras jogadas ao vento. O gás acabou, bem agora José?! Ninguém mais acredita numa só palavra que venha de políticos ligados a esta casa e a esta casta; muito menos vamos acreditar nas suas promessas e ações.

Lembram quando em 1989 o agora Presidente da República, senhor Lula, criticava a direita diuturnamente? Chegou a chamar o senhor Sarney de ladrão. E agora esse mesmo Lula, apenas vestido de Presidente, obriga toda a sua bancada no Senado a proteger o senhor, outrora nominado ladrão, Sarney. Tenha paciência, pois isso ainda não é o fim!

Só não me venham prender negros e pobres, atulhando as prisões imundas, piores do que o inferno, para dizer que estão preocupados com Justiça e que querem dar a sensação de segurança. Aliás, depois do que temos visto na política, as prisões parecem estar repletas de gente inocente.

Nós, que somos pequenos, sabemos que o exemplo é a melhor escola. Por isso, a partir de agora, sabemos que o bonito, e o ‘certo’, é fazer o que o Presidente Lula, o Presidente do Senado, senhor Sarney, e todos os senadores que defendem o governo fizeram. Ou seja, fazer exatamente aquilo que é errado, que é inominável, que é vergonhoso e revoltante. E depois de tudo isso ainda vir a público dizer que fizeram a coisa certa. Pelo menos o que é melhor para o país. Claro que não vamos cair nessa! Vamos permanecer fiéis, firmes e, de preferência, longe destes políticos. Precisamos criar uma nova classe política. Acabar com esse lodaçal fedorento.

E o presidente Lula ainda arrumou tempo para, além do mais, dizer que não há crise no governo e não há crise no PT. Imaginem se soltarem a CPI da Petrobrás... Aí, certamente, faltará ratoeira para tantos roedores. Mas claro que esta dificilmente vai sair do papel também.

Se terminar esta miséria que é o Senado, teremos, por ano, mais de 2 bilhões de reais para investir em Educação gratuita e de qualidade, para a população de baixa renda. Precisamos de muita Educação de Qualidade no Brasil. Ética e Moral precisam ser ensinadas nas tenras classes, enquanto ainda é possível ouvir e entender. Deixar este fruto amadurecer para, enfim, mudar de fato a nossa sociedade para melhor.

Enquanto existir Senado, os pobres, negros e outros menos privilegiados continuarão tendo que esperar por cotas, assistindo ao jogo jurídico dos poderosos que querem interromper esse processo, para ficar com todas as vagas nas universidades públicas e noutras áreas. Aliás, aqui há uma distorção diabólica. As universidades federais são de particulares, dos ricos, que não pagam nada e lá estudam por conta do governo; e guardam o seu dinheirão para gastar num doutorado, no exterior. Depois de formados eles vêm ser Senadores, Deputados, Ministros ou Representantes de grandes empresários, daqui ou lá de fora.

Já as universidades particulares, essas são as públicas, na verdade. Daquele cidadão que fez os seus estudos à noite, trabalhou e trabalha de dia, às vezes aos sábados, para dar todo o seu dinheirinho para as universidades particulares e , na maioria das vezes, nunca mais recuperar; pois as profissões que pedem esses formandos não pagam adequadamente, mesmo quando há vaga.

Ah, e tem mais uma: Não me venha o PT, a partir de agora, querer criticar qualquer ato insano da oposição maldita. É só o que faltava! Enquanto não limparem, bem limpinho o 'bumbum do seu partido', não tem mais como dizer que a criança do vizinho está com as fraldas molhadas. Por favor, vamos parar por aí! Chega de falso moralismo e discurso irado e vazio. Queremos artistas que convençam por suas obras longe do palco. No palco sabemos que só estão representando. E muitos nem sabem o que estão fazendo lá; só estão cumprindo ordens do chefe. Paciência para estas brincadeirinhas, que nem criança faz mais, tem limite. E o limite extrapolou, há muito tempo, as medidas.

A partir de agora, como cantava Tim Maia, ‘Vale tudo’. A Ética entregou os pontos. Se rendeu. Até a chegada do PT ao poder algumas coisas não podiam ser feitas. Ainda existia um resquício de ética na política. Agora não tem mais essa. Acabou. Está morta e enterrada a ética deste governo e a deste Senado. Nada mais é possível. O líder do PT, no Senado, Aloizio Mercadante, ameaçou deixar a liderança. Foi apenas a deixa para o próximo capítulo. Mas depois de uma conversa com o Presidente Lula, voltou atrás. A novela ainda não tinha chegado ao fim.

Se fosse alguém de qualquer outro partido, o Brasil teria parado. Teríamos no dia seguinte, na frente do Congresso, caras-pintadas, MST, professores da rede pública, sindicalistas e outros movimentos conhecidos. Mas como foi com o PT nada se fala e nada se vê. Os movimentos estão anestesiados. São apenas partidários. Não são pela verdade e pela ética. É este o Admirável Mundo Novo, onde o Grande Irmão controla tudo e mesmo assim diz que não sabia de nada. Embora o crime tenha ocorrido no seu quarto e com a sua esposa. Ah, República!!! 'Oh, que saudade dos tempos de república'.

Mas as grandes explosões são exatamente assim. Parecem subterrâneas e, de repente, vem a erupção. Aí será tarde demais. Não teremos tempo, nem condições de fugir. Quem tem um pouco mais de 50 anos sabe do que estou falando. E já temos, de novo, países na América Latina falando e se preparando para viverem novas ditaduras. Mas não do proletariado. Novamente militares.

O governo proletário tomou o melado como se fosse água. Aí veio o lambuzo. Quem já teve a oportunidade de ler a Revolução dos Bichos, de George Orwell, falando da Revolução Russa de 1917, sabe até onde essa loucura desmedida e ânsia pelo poder total pode levar. No fim é a mesma coisa. Os próprios membros do partido do governo, na ânsia de permanecerem no poder como principais, procuram fazer acordo até com o demônio, se for necessário e possível, para manterem suas posições. É a desgraça da revolução permanente. Não há corrupção que segure sem se alastrar. É como um câncer que, mesmo tratado, se esconde e vai tomando todo o corpo. E, neste caso, não há Polícia Federal, nem Ministério Público Federal que dê jeito. É o Apocalipse.

E, para terminar, uma perguntinha: você não acha que dez deputados federais, por Estado, seriam suficientes? Vejam a economia que faremos e quanta dor de cabeça a menos teremos, com tanta falcatrua que deixará de existir?

Com mais essa economia, além dos senadores, o governo poderá investir em infraestrutura e geração de emprego e renda. Quem sabe dobrar o valor do Bolsa Família! E quando não mais precisar desta esmola, investir no Turismo, no Lazer, na Previdência Social, na Saúde, em tantas coisas necessárias, urgentes e dignas. Já ouviu falar em Saúde de graça e de qualidade para a comunidade? Principalmente para as crianças e para os idosos?! É possível fazer um grande e venturoso país, com menos políticos e corrupção zero. Aí teremos coragem de cantar novamente, a plenos pulmões, o Hino Nacional e o Hino da Independência. Hoje, nem compreendemos o que significa aquilo que pronunciamos. ‘Que país é este?’ Chega de mosca na sopa.
E tem mais... Mas fica para a próxima.

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