segunda-feira, 6 de julho de 2009

CHIQUINHA - COLUNISTA SOCIAL



NAPOLEÃO

Este menino veio da rua. Comportamento de menino de rua.
Chegou desconfiado, cheio de fome, barrigudo. Ficava, durante a noite, miando, com um pé de leque para sair. O lugar escolhido na casa, foi a área de serviço onde havia uma bem fechada lata de lixo, que ele conseguiu abrir. Impressionou-me - um gato esmirrado pôde destampar a lata? Gula? Fome? Sequelas da rua, pois ao lado havia o pratinho com ração. Mas o pobrezinho não conhecia a mordomia de ser servido. Pegar o alheio fazia parte do seu cotidiano. Ah, no dia que chegou, examinando-o, tirei do seu couro uma pulga gigante que não podia nem pular. Magrinho, com 3 bichos daquele tamanho no lombo, não conseguiria caminhar. Miou a noite inteira. Coloquei-o para dormir numa caixa de papelão (embalagem de um monitor pequeno) forrada com um cobertinha de lã. Deixei duas frestas de 1x10cm. Tampei com uma tábua de madeira compensada e, para pesar, pus o dicionário do Aurélio, 3 volumes da coleção Larousse Cultural. Acredite! Acordei meia hora depois com ele miando na janela da área de serviço. Tive vontade de chorar. A noite friissima, sair debaixo das cobertas!!! Braba da vida, peguei-o no colo. Me olhou com os olhinhos sem brilho, inocentes. Tive vergonha da minha fraqueza. Enrolado na coberta, com receio que as pulgas passassem para mim, deitei o coitado no meu colo, fui espairecer a brabeza baixando e-mails diversos. Ficou quieto, mamando nele mesmo, adormeceu. Na cama improvisada, ao meu lado, dormiu até às cinco da matina. Eu também. Dois dias depois já conseguia desfrutar de um berço fofo e quentinho toda a noite. Arre! Que alívio.
No dia seguinte tratei de aplicar no cangote do menino Front line, para as pulgas. Até então não sabia, com certeza, se era macho ou fêmea. A Lena esteve aqui e certificou-me - é um gatinho. Quatro dias depois fez uma visita à Clínica Veterinária. Eu que achava que era um filhotinho-nenê, está com 8 ou 9 meses. A dentadura está completa. Tomou um banho de rei na clínica, voltou limpinho e perfumado. Ele é carente, um amor. Se acertou muito bem com o Momoso (o tio), vive colado no velho (12anos) . Adotou-o de modelo. A Chiquinha, uma mocinha de 4 anos incompletos ( olhe ela aí ao lado), é bronqueira, cheia de vontades. Diz um mundo de desaforos para ele, porém parou de riscar o fósforo quando o alemãozinho passa. NAPOLEÃO tem o pêlo amarelo rajado com marrom claro. É de boa paz.
Este menino tirado das sarjetas, morando há 10 dias na minha casa, cama quentinha, conforto (escolheu uma poltrona no corredor para passar o dia e ficar olhando para mim e os dois irmãos), bem-estar e comida (ração) no pratinho, carne moida 2 vezes por semana, não precisa mais bater na lata de lixo, conhece carinho, companhias de "gente" educada... é feliz!




"No semblante de um animal que não fala, há todo um discurso que só um espírito sábio é capaz de entender". Provérbio Hindu



Outro dia, conto-lhe a história da vida pregressa de Napoleão, antes de acampar na minha casa. IJ

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