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Nelson Tangerini |
CARTA ANÔNIMA
Nestor Tambourindeguy Tangerini
O dia de ontem foi para a Zizinha o dia mais horrível de sua vida de melindrosa suscetível e possuída.
- Desaforo! Quem terá sido o vil ou a miserável!!!?, exclamava ela, indignadíssima, a correr, com um papel na mão, os quatro cantos da sala.
Estava deste modo agitada, quando lhe aparece a mãe, que, ao vê-la assim, pergunta:
- Que é isso, Zizinha? Que foi? Que te aconteceu, minha filha?
- Uma carta anônima, mamãe!, cheia de invejas e despeitos, de deboches e calúnias! Uma criatura indigna, que me escreve tachando-me de imbecil, frívola, desajeitada, feia, bolinadeira e vantajosa! Quanta injúria, meu Deus!...
- Calma, minha filha, calma; nós havemos de descobrir essa pessoa.
Não podendo mais com aquilo, a pequena cai assentada numa cadeira, dizendo, entre soluços:
- Tome, mamãe... tome... Veja se consegue ver de quem é a letra...
A boa da velha pegou a carta, leu-a do princípio ao fim, do fim para o princípio, pensou e respondeu:
- Assim de pronto, não consigo descobrir de quem seja; mas uma coisa eu posso garantir: isto é de pessoa que te conhece muito...
Crônica publicada na revista O ESPÊTO, pág. 3, Rio, 15 de junho de 1947 com o pseudônimo João da Ponte.
Arquivo Família Tangerini:
n.tangerini@uol.com.br , nmtangerini@yahoo.com.br
http://nelsontangerini.blogspot.com
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