O POEMA DA BELEZA
Marietta Relva (Miss Fluminense)
Na foto, a Senhorita Marietta Relvas, Miss Fluminense 1929.
Nestor Tambourindeguy Tangerini
Nenhuma poesia mais atraente, mais encantadora, mais deslumbrante, do que aquela que existe sobre a terra, não em forma de verso, no livro dos poetas, não talhada em mármore, nas obras dos escultores, não concretizada em tintas, nas telas dos pintores, mas talhada, formada e concretizada no humano transportado ao que é divino: a mulher apoteoticamente em formosura!
Foi assim, o poema da beleza a reunião das “Misses” do Estado do Rio de Janeiro, diante do júri, que tão acertadamente soube dar o título de Miss Fluminense à senhorita Marietta Relvas, a estrofe mais parnasiana, perfeita, e mais romanticamente morena, como a expressão do tipo “brasileira”, que, se ainda não se definiu na masculinidade do homem, já se firmou na graça e nos encantos da mulher.
A senhorita Marietta Relvas está na idade em que a mulher que a mulher não pertence nem ao Céu nem à Terra”. Tem 18 anos de idade e 18 anos de beleza! Não possui o sorriso claro, cantante, sorriso de alvorada, como diria o poeta. Não tem o sorriso solto, que se desprende da fisionomia, e sim o que se prende à ela, dando-lhe um certo calor, bastante expressivo.
Seu olhar é o olhar da criatura ainda surpresa diante da vida. Muito vivo, quase espantado, revelador dessa sensibilidade que é bem o fundo sentimental da nossa raça.
Voz agradável, deliciosa. Cheia de alma, Bela vestimenta sonora de todas as palavras que a senhorita Marietta Relvas pronuncia...
Da plástica, melhor do que nós, dirá a fotografia que hoje publicamos, de Miss Fluminense, em pose especial para esta revista.
ELA SABE QUE É DIVINA...
Não me havendo sido possível estar presente no triunfo de Miss Fluminense no Imperial, onde, na qualidade de jornalista, teria tido ocasião de vê-la e ouvi-la de perto, de embriagar-me dos seus múltiplos encantos, abordei, ontem, o meu amigo Serrão e pedi-lhe simulássemos um encontro causal, na Praia de Icaraí, com a deusa fluminense da beleza.
Egoísta qual todo homem que se dá com criaturinhas sublimes, o diretor da Única não me achou a idéia lá muito boa, como, porém, querer é poder, acabou cedendo à minha vontade.
Tomamos o bonde e partimos, rumo da encantadora praia das “girls” tentadoras.
De castigo à minha teimosia, o homem fingiu não ter visto o condutor e quem morreu nas passagens fui eu. Não fiz grande cousa, está claro, mas sempre fiz um sacrificiozinho, a que a Miss, quando o souber, não deixará de agradecer-me com um sorriso delicioso da sua linda boquinha de Iracema...
Enfim, na praia.
O mar era sereno e a viração sutil...
Como que atraída pelo meu grande desejo de a ver, eis se nos depara a senhorita Marietta – o “bombom dos bombons” que fazem Icaraí uma “bombonnière” que é a minha tortura de rapaz guloso.
O meu “ciceroni” cumprimentou-a, eu cumprimentei-a e Ela veio ter conosco.
Porque o assunto a mais não fosse a vitória de Miss, o serrão entrou de cheio no assunto, do qual aproveitei as minhas aparas. A certa altura, o meu ilustre diretor – sempre muito espirituoso – deu de gracejar com a nossa Zezé Leone, procurando fazê-la sentir que, ao ver dele, não lhe cabia a Ela a primazia entre as “mais belas” fluminenses. E atirou a “piada”.
Mas, como o Serrão sempre nos vem com umas cousas cujo alcance somente ele alcança, o inditoso humorista foi obrigado a explicar-se, acrescentando:
Quero dizer que, para mim, só há em todo o Estado do Rio, duas criaturas realmente divinas, para as quais eu dividiria em dois o prrimeiro lugar...
E Miss Fluminense, seriamente interessada, antes de que ele melhor se esclarecesse:
- Quem é a outra? Quem é a outra? (*)
(*) Revista Única
Niterói, RJ, abril de 1929.
ARQUIVO FAMÍLIA TANGERINI:
nmtangerini@gmail.com, nmtangerini@yahoo.com.br
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