DOIS SONETOS SOBRE O CÉU
DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO
CÉU FLUMINENSE
Chamas-me a ver os céus de outros países,
Também claros, azuis ou de ígneas cores,
Mas não violentos, não abrasadores
Como este, bárbaro e implacável, - dizes.
O céu que ofendes e de que maldizes,
Basta-me entanto: amo-o com os seus fulgores,
Amam-no poetas, amam-no pintores,
Os que vivem do sonho, e os infelizes.
Desde a infância, as mãos postas, ajoelhado,
Rezando ao pé de minha mãe, que o vejo,
Segue-me sempre... E ora da vida ao fim,
Em vindo o último sono, é meu desejo
Tê-lo sereno assim, todo estrelado,
Ou todo sol, aberto sobre mim.
Alberto de Oliveira.
Do livro Antologia Poética.
Seleção, prefácio e glossário
de Camillo Cavalcanti.
2007.
CÉU
Ei-lo, dentro da noite, olímpico, ostentando
A estrelar cravação que o peito lhe atravessa.
São um sol fragmentado as estrelas em bando
- Cada estrela assinala uma solar promessa.
É grande como Deus esse Azul formidando,
Essa amplidão sem termo, imensurável, essa
Ubíqua vastidão, que, os mundos abraçando,
Principia onde acaba e acaba onde começa.
Devotando o meu culto ao majestoso templo
Da astral religião – enlevado, contemplo,
Dentro da noite calma, o céu da noite acesa.
E me fico a pensar, e, pensando, o suponho
O interior de um crânio, onde existisse, em sonho,
A beleza imortal de toda a natureza!
Autor: Nestor Tambourindeguy Tangerini
[Um dos membros da Roda do Café Paris
Niterói, RJ, Anos 1920]
Dos livros DONA FELICIDADE [Nova Versão]
&
IV Coletânea Komedi,
2000, Campinas, SP, Pág. 266
Nestor Tambourindeguy Tangerini
[* 23 de julho de 1895, Piracicaba, SP;
+ 30 de janeiro de 1966, Rio de Janeiro, GB]
foi escritor, teatrólogo, caricaturista, poeta, jornalista,
cronista, compositor e professor de Língua Portuguesa.
Texto de Nestor Tangerini:
Arquivo Família Tangerini:
nmtangerini@gmail.com, nmtangerini@yahoo.com.br
http://nelsonmarzullotangerini.blogspot.com/
e
http://narzullo-tangerini.blogspot.com/
Nenhum comentário:
Postar um comentário