quinta-feira, 3 de setembro de 2009

COLUNA DA ANA MARTHA





CELULARES E INTERNET



Acabei de ler um e-mail. Uma jóia rara. Daquelas que nenhuma outra forma de comunicação permite, só a Internet. Digo isto, porque através da linguagem falada, a entonação do locutor dá uma conotação ao texto – sério, cômico, dramático, trágico, etc. Mas, isto tem suas vantagens, por mais estranho que pareça, obriga o leitor a fazer a própria interpretação, o que a televisão e o rádio nos tiram completamente (sempre que o Cid Moreira começa a fazer uma chamada no Fantástico, já vou correndo buscar meu Chá de Melissa bem açucarado, por que aí vem tragédia... humana).

O e-mail era sobre uma experiência realizada provavelmente para alguma daquelas feiras de Ciências escolares que costumam contribuir tanto para o crescimento e criatividade do aluno, como tudo no ensino atual. Ah, provavelmente de uma escola particular...

A experiência: pegue um ovo, coloque no meio de dois celulares. Estes devem estar um de frente para o outro (um sanduíche de celular-ovo-celular). Ligue de um celular para o outro. Em 65 minutos o ovo cozinha. Acompanhava um alerta – se o celular modifica as proteínas do ovo a ponto de cozinhá-lo, o que ele fará com seu cérebro?

Sou obrigada a admitir que deve cozinhar o cérebro sim, pois a pessoa que gastou 65 minutos de ligação de um celular para outro, desperdiçou um ovo (quem vai comer um ovo cozido no celular?) num mundo tão cheio de fome, deve estar com o cérebro cozido há muito tempo, além de desperdiçar o precioso tempo de vida com o qual Deus pensou tê-lo abençoado.

Não estou aqui julgando os benefícios ou malefícios deste instrumento de controle que as pessoas carregam consigo. Na verdade, sempre que deito, agradeço a Deus por não existir celular na minha adolescência, pois meus pais não me deixariam cometer meus erros sozinha, depois ligo para o meu filho adolescente para saber onde e com quem está, e vou dormir durante uma hora, até ligar novamente para saber porque ainda não chegou em casa...

No final das contas nem posso me queixar desse e-mail, pois me fez ter vontade de voltar a escrever.

Ana Jaeger – Campinas, março de 2008

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