domingo, 9 de agosto de 2009

PAPO DE CULTURA - Ione Jaeger








BAR E ARMAZÉM “TOMEI CAFÉ AGORA”


Perto de uma pequena praia está o Bar e Armazém Tomei Café Agora. Conta-se que a origem deste nome provém de um fato real – a história de um responsável e trabalhador carpinteiro, casado, esposa e um filho, tinha a vida doméstica e profissional bem organizada. Moravam no alto de uma colina.
Toda vez que o homem passava em frente daquele bar pensava:
– Um dia, eu também vou tomar uns aperitivos. Minha vida está tranqüila, estou com saúde, tudo bem com a família, com o trabalho...
Isto permaneceu por longo tempo até conferir a sua obsessão e, então, fez grandes descobertas. Aprendeu que, com um copo na mão, podia modificar o seu humor, sabia ligar e desligar, tinha domínio sobre o “líquido mágico”. Um dia a rosa ficou vermelha e ele perdeu o poder de desligar. O só ao meio–dia, passou para a noite e, a seguir, para a manhã. Usava o “líquido mágico” para se sentir normal.
O bom carpinteiro, agora, subia o morro com o sócio – o mágico. Saía cedo de casa. A esposa fazia o mesmo para procurar, nos postos médicos soluções para os nervos. Tudo mudou. O carpinteiro responsável, trabalhador, desapareceu. A mulher perguntava – se:
– Por que ele mudou? Não sabia mais amar? As notas baixas do filho? O que há? Onde errei?
O tênis novo do filho ficando sempre para o outro mês. Era triste ver o menino sentado na grama, esperando o pai para jogar bola e ele não aparecia. Quem se aproximava era o medo. Via-o subir o morro com o seu novo sócio, o “líquido mágico” na mente e na mão, apesar das repetidas promessas. O choro do filho, as promessas de sempre, o amor, os remédios, nada funcionava. O bom carpinteiro, cedo do dia, estava frente ao bar esperando ouvir as primeiras tosses do dono do bar. Necessitava ouvir. Sem isso não podia trabalhar. Com as tremedeiras não podia segurar as ferramentas... Somente o sócio podia ajudá-lo!
Pronto! Tomado o “líquido mágico”, sentia-se seguro. Sentado num canto, esperava o “efeito mágico”, com os braços cruzados para não ver as tremedeiras. Pensava no tênis do filho, na esposa que devia estar num posto de saúde... Na “cuca” flutuavam mil culpas e pesadelos vindos da noite de dor!...
Do balcão, ouve:
– Como é, Amigo, não queres um aperitivo?
– Não, TOMEI CAFÉ AGORA!
A casa do morro está vazia. Mudaram – se.
O bom carpinteiro ficou... na terra!


Sylvio Sperb – Consultor e Palestrante em DQ

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