terça-feira, 14 de julho de 2009

PAPO DE CULTURA - Ione Jaeger








E-mail de Ibest.com.br - PAPO DE CULTURA SHOW TEMÁTICO - CINEMA- N. H. - pmquadro@ibest.com.br

A DIRETORIA DA

Associação Cultural de Amigos das Artes, tem o prazer de convidar para o

SHOW TEMÁTICO

EM HOMENAGEM AO DIA DO CINEMA

que realizaremos
dia 16 JULHO AS 20h30min no PASTELEIRO.
RUA JOSÉ DO PATROCÍNIO, 893 - BAIRRO RIO BRANCO - N. HAMBURGO
EM FRENTE AO PICA-PAU LANCHES / COLÉGIO PIO XII.

PROGRAMAÇÃO
Filmes de curta metragem
Musica variada/ Autoral - MPB - Pop - Hip-Hop

Confirmados.
Filme- Flavio Sholles e os Quadros que falam
Filme - Andarilho
Banda Organização Celestial do Livre Arbítrio - O CLÃ - hip-hop
Marcelo e Matheus - Pop Rock
Aurélio Bender - Musica Autoral e outras
BANDA CLUBE DO IMPROVISO - de S. Leopoldo


ENTRADA FRANCA / CONTRIBUIÇÃO ESPONTÂNEA


PROGRAMAÇÃO CULTURAL
AURÉLIO BENDER
DIRETOR DE EVENTOS





CURIOSIDADES SINGULARES DO GRENAL FORA DO GRAMADO
Ione Jaeger






Perla, três anos, filha do meu primo, sentiu-se ofendida quando num dia de inverno, muito frio, despiu o casaco de lã grossa que a mãe acabara de vesti-la. Aos prantos, soluçando com desmedido sofrimento, foi ao encontro do pai.
– Que choradeira é esta, minha filha? A mãe brigou contigo?
– A mãe me xingou de uma coisa feia!
– De quê?
– Colorada!
A mãe, ouvindo a queixa da menina, argumentou:
– Nada disso! Chamei-a de escalorada.
A família era gremista – pai, mãe, irmão, avós, tios...
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A família inteira R..., Colorados de alma e sangue, de muitas gerações, moradores na Vila Rosa, construiu belíssima casa e pintou as paredes internas e externas de vermelho. Janelas e portas branca.
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Eu lecionava Língua Portuguesa nas quintas e sextas séries.
Nas segundas-feiras precedidas de jogos da dupla GRENAL, se o Inter perdia, entrava em sala com o espírito preparado. Alunos gremistas tiravam sarro. Escreviam no quadro-verde, com letras garrafais:
“Se és gremista, Deus de abençoe.
Se és colorada, Deus te perdoe!”
Ocorria o mesmo com o professor gremista, mudava-se apenas os times de lugar.
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Campeonato nacional, torcedores azuis e vermelhos torcem duplamente: pelo seu time e pelo adversário do time rival.
O Paissandu de Natal jogara na véspera com o Internacional. Ganhou do Colorado de 3x0 (se não me engano, pois já se passaram mais de 30 anos).
Encontro a turma na porta da sala de aula. Os gremistas.
A turma colorada está sentada, quieta, cada um no seu lugar.
Um xodozinho, baixinho, olhos duas contas bem azuis, pré-adolescente, gremista, com todo respeito sorri para mim:
– Fessorinha, como vais pai-ssan-du?
Acentuando, pausadamente, cada sílaba.
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Encontrei a vizinha no armazém:
– Oi! Mandei embora minha faxineira . Se souberes de outra...
– Ué, tu dizias que ela era ótima! Que houve?
– Pois é, amiga, ela pegou a bandeira do Inter e enxugou o chão. Meu marido quase chorou. Falou que foi a pior desfeita sofrida. Chamou-a de mau caráter. Não pôde mais olhar a cara da moça ... Ele é colorado fanático.
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Uma colega, angustiada, procurou em mim consolo:
– Estou com um problemão com a minha guria. Com o namoradinho. O pai está implicando com o namoro. Não aprova. Não sei o que faço!
– O garoto é bom rapaz. Boa família. Irmãos mais velhos foram meus alunos. E nessa idade, os jovens começam com namoricos. É normal. Não te estressa!
– Mas, sabe, ele tem um grande porém.
– Hum!
– Tu vais dizer que não. É problema teu, também.
– Católico?
– Isto meu marido não liga. Pior! Ele, até, não dá bolas para qual a religião do rapaz.
Consultei mentalmente qual seria o porém que me identifica com o projeto de genro da colega e continuamos o diálogo:
– Nordestino?
– Tu sabes que não.
– A mãe do rapaz tem sobrenome brasileiro?
– Que nada, meu marido é Santos, esqueceste?
– Pobre?
Taí o meu porém, com certeza.
– Sabemos, e não é nada disso, que a família do rapaz tem boa situação financeira.
Eu ficava cada vez mais curiosa. Evitava a indiscrição de perguntar que defeito. Qual esse negativo porém que eu também tinha.
Quase meio minuto o diálogo estava parado...
– Pensa, o clima que vai pintar lá em casa? Dia de GRENAL? Ela e nós com a bandeira azul e ele com a vermelha?...
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Início de 1978. Sérgio saiu cedo de Novo Hamburgo. Foi a Porto Alegre assistir ao GRENAL. Paramentado da cabeça aos pés (camisa, fita na testa, bandeira e certeza da vitória) de gremista, pegou o Centralão das oito horas da manhã de um belo domingo de sol.
O jogo começaria às 16 horas.
O Grêmio perdeu.
Sérgio morava num bairro distante do final da linha do ônibus da Central, em Novo Hamburgo. Perto das vinte e duas horas o rapaz bateu na porta da minha casa, sem camisa, sem bandeira, a fita escondida no bolso e a tristeza da derrota.
Tivemos que lhe emprestar uma camiseta para voltar para casa. A única do manequim do rapaz, a que serviu nele, uma vistosa e elegante camiseta de grife – branca com listas vermelhas.
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http://www.jornalpolegar.blogspot.com/

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