segunda-feira, 9 de agosto de 2010

CONTOS DE JORGE EDUARDO MAGALHÃES

Jorge Eduardo e Jorge Bombeiro


O noivo da suicida


Foi ao hospital fora do horário da visita, conseguiu convencer os enfermeiros, não queria correr o risco de se deparar com nenhum familiar de Cecília. “A culpa foi sua!” “Canalha!” Tinha certeza de que ouviria isso, talvez até partissem para a violência física.

Namoraram desde garotos, mas a relação estava desgastada, Cecília era extremamente ciumenta, possessiva, sentia-se sufocado. Havia conhecido Cristina, uma pessoa maravilhosa, que o compreendia e o incentivava a realizar todos os seus sonhos. Enquanto Cecília sempre o ridicularizava, baixando ainda mais a sua auto-estima.

Não tinha culpa de nada, ninguém era obrigado a ficar com ninguém. Não era culpado se a louca da Cecília, depois que ele terminou o namoro ateou fogo no próprio corpo.

Entrou no quarto, ela estava sedada, ficou observando seu corpo enfaixado e sentiu um enorme aperto em seu coração. Sim, a culpa era toda dele, ele tinha que ter preparado Cecília para o rompimento do compromisso.

Agora se sentia na obrigação moral de se casar com Cecília, afinal, ela arruinara sua vida por causa dele.

Saiu do quarto com os olhos úmidos, no corredor do hospital pensava em terminar tudo com Cristina, seria duro, mas ele se sentiria melhor.

Cristina o esperava na porta do hospital e ele estava decidido.

- Cris, preciso muito falar contigo, tomei uma decisão muito séria.

- Pode falar, meu amor.

Ficou calado por alguns instantes e disse:

- Querida, te amo muito, por isso quero me casar contigo.

Trocaram um apaixonado beijo.

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