terça-feira, 10 de novembro de 2009

DIRETO DO RIO DE JANEIRO - Nelson Tangerini




MAZZINI RUBANO

Nelson Marzullo Tangerini





No dia 1o. de maio de 1928, o jornalista e poeta niteroiense Mazzini Rubano lançava seu “poemeto” cômico A costela que me falta, composto nas Oficinas Gráficas da Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro, em Niterói.



Dedicado “À memória de Olavo Bastos, Jones Olivieri, Narciso Siqueira e Mário Neves”, A costela que me falta, que tinha ilustrações de Jefferson, anunciava, na orelha do livro, as próximas obras do autor, “Algazarra de chamas” e “Sapatinho Chinês”, que, provavelmente, devem estar perdidas para sempre.



Membro da Roda Literária do Café Paris, liderada pelos sonetistas satíricos Lili Leitão e Nestor Tangerini, Mazzini Rubano, nascido em Niterói, por volta de 1910 – era o mais jovem dos “parisienses” - , deixou alguns trabalhos publicados em jornais e revistas de sua cidade, como o magnífico soneto “A mulher e o pecado”, publicado, em 1928, no álbum do Cine-Teatro Éden, propriedade do também poeta Oscar Mangeon.



Eis o soneto:





A MULHER E O PECADO



A mulher e o pecado – a razão soberana



Do morrer e nascer, de subida em subida,


Na triunfal ascensão dessa escalada insana,


Pelo Tabor da morte, à Terra Prometida.


A mulher e o pecado. A existência profana


Fez Magdala chorar, e ficou redimida!


Paira, acima do sol da inteligência humana,


O Evangelho do amor, que é a gênese da vida!


Ah! Se toda mulher, que a si própria se encanta,


Com a glória de ser mãe, que o ventre seu encerra,


Só depois de pecar é que se torna santa,




Cem mil vezes bendito o infernal fogaréu


Do pecado, a inflamar o lodaçal da terra...


Satanás trabalhando ao serviço do céu!





Segundo o escritor e jornalista niteroiense Emmanuel de Macedo Soares, autor de muitos artigos sobre o legendário Café Paris e do livro Cronologia Niteroiense, vol. 28, pág 161, “Em 1930” Mazzini Rubano “deixou a redação de A Cidade e retirou-se para Belo Horizonte, acometido de um câncer que o conduziu à depressão e ao suicídio”, “em 9 de setembro de 1936”,



O jovem Mazzini, diz Macedo Soares, “colaborou em quase todos os jornais niteroienses, onde ficou dispersa toda a sua produção literária”.



O “parisiense” Nestor Tangerini, amigo de Mazzini Rubano, dizia para nós, em casa, que o soneto “A mulher e o pecado”, o preferido do piracicabano, deveria dar ao poeta niteroiense a chance de pertencer a uma Academia de Letras.





Na foto, o poeta niteroiense Mazzini Rubano.

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Nelson Marzullo Tangerini, 54 anos, é escritor, jornalista, poeta, compositor, fotógrafo e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro do Clube dos Escritores Piracicaba [ clube.escritores@uol.com.br ], onde ocupa a Cadeira 073 – Nestor Tangerini.





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