terça-feira, 24 de novembro de 2009

PAPO DE CULTURA - Benedito Franco


Benedito Franco


Nossos países gastam, este ano, com armamento - armas! - nada mais nada menos que um trilhão e oitocentos bilhões de dólares!... ( $ 1,800,000,000.00!). Com 10% disso, eles matariam a fome de toda a humanidade!


A negra África, o continente com mais riqueza em seu solo, explorada pelos brancos, é o que mais fome sofre!



A mais forte das ações é o abraço: vem à tona o amor, a amizade e une dois corações!





FABRICIANO - Juventude



046 - Ele tem qui casá!



Estava na varanda da casa de meus pais. Chegaram um casal de velhinhos - magros, aparência nítida do árduo trabalho na roça, alguma contrariedade e os sofrimentos com o peso dos anos - e uma mocinha – quase uma menina - linda!... de olhos vivos e brilhantes e semblante um tanto desconfiado e maroto.

Pediram-me para eu chamar o "cumpade Sô Zé Franco, o dotô Juiz", meu pai. Em chegando, o velhinho, após cumprimentos:

- Pois é, cumpade Sô Zé Franco, o sinhô, que é o dotô Juiz (Juiz de Paz), tem qui fazê o Jaquim, fio do cumpade Tião, casá com nossa netinha, esta aqui! - Ele feis mal pra ela e el'istá in instado interessante! El'istá buchuda... istá grave, cumpade.

Calmamente, papai ponderou:

- Compadre Belarmino, vou conversar sobre o assunto com o compadre Tião, homem bom, e daqui a alguns dias, volto a falar com o senhor.

- É cumpade – compassadamente balbuciando palavra por palavra - se ele num casá, num seio o qui vai sê de nossa netinha... tem só treze ano. Ele tem qui casá! Fais ele casá cumpade!

Os velhinhos insistiam e imploravam para meu pai tomar logo a decisão, e as providências, e obrigasse o tal de Joaquim a se casar com a netinha, grávida, o mais rápido possível. Papai acalmava-os:

- Fique tranqüilo, compadre, mais alguns dias e tudo será resolvido

Lá se foram os velhinhos balançando as cabeças, meio contrariados, preocupados que estavam com a netinha grávida, sem que o dotô Juiz decidisse algo. Tinham certeza que o cumpade Sô Zé Franco tomaria a decisão logo.

Com dezoito anos, quis mostrar a meu pai, que achava um absurdo não ter falado para os pobres velhinhos que iria obrigar o rapaz a se casar com a netinha.

Papai argumentou que, primeiro, seria ilegal obrigar alguém a se casar com alguém. Segundo, ouvira apenas uma das partes da contenda. E ainda: - Sempre ouça as duas partes, antes de tomar qualquer decisão, ou dar algum conselho.



E apareceu o compadre Tião. Eu presente.

- Pois é, cumpade Sô Zé Franco, a gente mora na roça, lá pru lado do Coigo de Nossa Senhora ( o Horto em Ipatinga). A minina, neta do cumpade Belarmino, saía da casa dele, uns quinhentos metro da minha casa, maisomeno azonze hora da noite, arrombava e sartava a janela do quaito do meu minino e ia drumi no canto da cama dele. Ela é muito bunitinha e esprivitada. Meu minino é macho, é home mermo. E home mermo num guenta umas coisa dessa, cumpade!...

Papai sorriu pra mim.



Benedito Franco





NB.: Desculpem-me os erros no anúncio do conto anterior: “Paseios, Chico Chavier e vincos...” = “Passeios, Chico Xavier e vincos”. E mais: meu programa insiste em colocar a antiga ortografia.



Gostou?... Repasse para os amigos!

Veja também: www.paralerepensar.com.br/beneditofranco.htm

Vamos doar sangue? Se você não pode, encaminhe um parente ou um amigo!

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