sexta-feira, 3 de setembro de 2010

PAPO DE CULTURA - Benedito Franco

Benedito Franco


Um motorista do Senado ganha mais para dirigir um automóvel do que um oficial da Marinha para pilotar uma fragata!



Um ascensorista da Câmara Federal ganha mais para servir os elevadores da casa, do que um oficial da Força Aérea que pilota um Mirage.


Um diretor que é responsável pela garagem do Senado ganha mais que um oficial-general do Exército que comanda um regimento de blindados.



062 - Cuncum, cuncum, cuncum!



- Cuncum, cuncum, cuncum! - È o que minha filha Fernanda, até os dois anos e meio, sabia falar – e só!

Para as conversas da Nanda – cuncum, cuncum e cuncum - a gente chamava a irmã Tati para traduzir - era exímia.

Fernanda, com pouco mais de ano e meio, brincava só na sala. De repente começou a choramingar. A Hedda, a mãe, corre para ver o que acontecia e encontra-a apontando para a casa do botão da blusinha e para o nariz, dizendo:- cuncum, cuncum, cuncum... e, fazendo carinha feia, olhava para a mãe e choramingava.

Entro em casa e a Tati me relata – para quaisquer fatos, a Tatiana contava uma história e uma estória! - que a Nanda introduziu um botão no nariz. Pego-a e corro para o posto do INSS, perto de casa – morávamos no Bairro Sagrada Família. Na portaria, informam-me que o médico atendia no oitavo andar do prédio. A Nanda choramingando. Ela e eu cada vez mais aflitos e nervosos. Pois seria muito perigoso se o corpo estranho fosse para o pulmão; um botão ou o quê? Espero o elevador por instantes, mas como achei que demorava demais – nessas situações, um minuto vira uma hora! - subi os oito andares pela escada. Alguém me aponta a porta onde estaria o médico. Sem bater, abri a porta e lá dentro uma senhora acabando de se vestir e um médico levantando-se da cadeira, esbaforido com minha brusca entrada.

- Mas o Senhor não pode fazer uma coisa dessa!

- O Senhor vai atender à menina?

- Vou...

- É o que interessa!

O médico apanha na gaveta um pequeno aparelho, o introduz no narizinho da Fernanda, que nem teve tempo de se assustar ou chorar, e em questão de segundo tira o bendito corpo estranho: um botão!



Cuncum, cuncum e cuncum, apontando para o nariz e a casa de botão da blusinha, repetidos inúmeras vezes, foi a explanação que a Nanda fez, para a mãe e a Tati, do acontecido no consultório. Entenderam?



Ah!... Isquici!...



Em Belo Horizonte, morávamos na Av. Brasil, perto da Igreja de Santa Efigênia, a qual freqüentávamos. No mês de maio, havia a coroação, quando as meninas se vestiam de anjinhos.

O importante, a alegria e o orgulho dos pais era a filha cantar e coroar. A Tati coroou e a Nanda também, só que, na hora de cantar, a Fernanda, com uns três anos, pegou a coroa - todos nós na expectativa - olhou para Nossa Senhora, e em vez de cantar, calmamente colocou a coroa na cabeça da imagem, virou-se para o público e falou:

- Ah!... isquici!

A Igreja inteira foi um só riso!



127 – Artes



Em Belo Horizonte, minhas meninas, desde os quatro, a Fernanda, e cinco anos, a Tatiana, levava-as ao teatro todos os fins semana possíveis. Terminada a peça, íamos a uma exposição de arte. Como eu mensalmente passava por Ouro Preto, São João Del Rei, Tiradentes, tinha, e tenho, o costume de visitar igrejas, principalmente as barrocas, em todas as cidades por onde passo - as meninas seguiam-me constantemente. Pra falar a verdade, nem sempre adoravam essas visitas, mas mesmo assim iam.

Estudei algum tempo na Escola Grinhard, no Palácio das Artes. As meninas acompanhavam-me, sendo paparicadas por todos. Ganhavam folhas de papel e desenhavam, assim como olhavam curiosas os escultores e outros artistas, dando suas opiniões – a Tatiana falava feito pobre na chuva – agradava e era agradada!

Em uma novela que fez muito sucesso, a protagonista foi a Sônia Braga. Terminada a novela, a Sônia apresentava-se numa peça teatral em um teatro na Avenida Princesa Izabel, no Rio de Janeiro. Levei-as para assistirem a tal peça. Normalmente, acabada a apresentação, nas peças infantis, os artistas apareciam no palco e recebiam mui carinhosamente as crianças, respondendo-lhes as perguntas e dando-lhes sorrisos e abraços. A meninada esperou, esperou e a Sônia saiu rapidamente pelos fundos, não dando satisfação à criançada. Decepção total.

Até hoje, minhas meninas (mulheres casadas!) gostam muito de teatro.

Vá e leve os seus ao teatro! Teatro é cultura!



Benedito Franco



Não vote em candidato que coloca som nas ruas! Ele não respeita os doentes, as criancinhas e o pessoal que trabalha em turno!

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