quarta-feira, 1 de setembro de 2010

DIRETO DO RIO DE JANEIRO - Nelson Tangerini

Nelson Tangerini








O TEATRO EM NITERÓI
Nelson Tangerini



Luiz Leitão e Nestor Tangerini, além de escreverem sonetos satíricos e freqüentarem a Roda Literária do legendário Café Paris, também se dedicavam ao Teatro de Revista.



Juntos, levaram ao palco do Teatro João Caetano, em 1933, a peça TUDO PELO BRASIL. Alguns textos da referida peça eram de Tangerini; outros, de Lili; outros, dos dois.



No folheto propaganda de TUDO PELO BRASIL, dois sonetos humorísticos, Elas, de Luiz Leitão, e Quando ela passa, de Nestor Tangerini, para aguçar a curiosidade do cidadão que passa. O objetivo da dupla é, sem dúvida, prometer um refinado humor e levar a poesia satírica para o palco.



Como se sabe, esses poetas conheciam a tradição satírica deste tipo de poesia em língua portuguesa, começada com os cantadores medievais e levada a sério – eufemismo! – pelos poetas que viriam depois: Bocage, Tolentino, Gregório, Gonzaga, Bastos Tigre, entre outros.



Antes de se juntarem – e se afinarem - em TUDO PELO BRASIL, Luiz Leitão e Nestor Tangerini já haviam mostrado seus trabalhos em palcos niteroienses. Tangerini, por exemplo, já havia apresentado, em 1927, a sua peça BONDE ERRADO, que contava, no elenco, com a atriz Antônia Marzullo, sua futura sogra. O “Bonde de Tangerini” foi patrocinado pelo empresário Oscar Mangeon, que montou a peça em sua casa de espetáculos Cine-Teatro Éden. Oscar, também poeta, era amigo dos garotos do Paris, e caía na farra com eles.



Como ambos eram muito ligados à atmosfera do teatro, também fariam a ele piadas e críticas, através de sonetos humorísticos. Em O Canastrão, jornal de Nestor Tangerini, p. 4, Niterói, RJ, Anos 1920 [não consegui identificar o ano], Luiz Leitão, com o pseudônimo Bacorinho e mais próximo das Cantigas de Escárnio, nos brinda com uma hilariante crítica ao escritor teatral Freire Júnior e à atriz Alda Garrido:



“NO PICADEIRO



Por que o escritor conhecido



Freire Júnior, que é de fato,



Vive agarrado à Garrido,



Pior do que carrapato?





Que me explique um mais sabido,



Que eu, como moço pacato,



Não tenho nada entendido:



Esta charada não mato.





Consta, até, que o “musicista”,



Para unir-se mais à artista,



Vai fundir seu nome ao de Alda...





Entrelaçar vai os dois,



Para assinar-se, depois,



Em lugar de Freire, Fralda...”





Luiz Antônio Gondim Leitão [* Niterói, 25 de janeiro de 1890 – + Niterói, 4 de abril de 1936], escreveu uma dezena de peças teatrais [Tudo na rua, 1914, Então não sei?, 1915, Pra cima de moi, 1916, Logo cedo, 1917, Das duas uma, Eu aqui e ela lá e O espora, 1918, Bancando o trouxa, 1921, Demi-garçonete, Niterói em cuecas e A ceia dos presidentes, paródia de A ceia dos coronéis, de Bastos Tigre [de parceria com Nestor Tangerini], 1924, O rende-vous amarelo, caricatura de O reposteiro verde, de Júlio Dantas, 1930, Minha sogra é do outro mundo, 1933, Tudo pelo Brasil [de parceria com Nestor Tangerini], 1933]. Lamentavelmente, toda a obra teatral de Lili Leitão desapareceu. Comigo, ainda guardo um esquete, O filho do padeiro [de Nestor Tangerini] escrito para a revista Tudo pelo Brasil, Empresa Teatral A. Neves e Companhia, absoluto sucesso no Teatro João Caetano. Pelo menos é o que dizem os periódicos do antigo Distrito Federal, na época.





Nelson Tangerini, 55 anos, é escritor, jornalista, compositor, poeta, fotógrafo, memorialista e professor de Língua Portuguesa e Literatura. É membro do Clube dos Escritores Piracicaba [ clube.escritores@uol.com.br ], onde ocupa a Cadeira 073, Nestor Tangerini, da ABI, Associação Brasileira de Imprensa, e da ABL, Academia de Letras do Brasil [ www.academialetrasbrasil.org.br ].


nmtangerini@hotmail.com, nmtangerini@yahoo.com.br
http://nelsontangerini.blogspot.com/

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