sábado, 7 de novembro de 2009

PAPO DE CULTURA - Benedito Franco

No final da década de 50, depois de anos no internato e sem visitar a casa paterna, quando lá cheguei, conheci o liquidificador, a panela de pressão, a geladeira em casa, com o pingüim de louça em cima, e a conga, as vasilhas de plástico, o velotrol - que desaprovei - o rádio de pilha e a popularização da meia de nylon, da caneta esferográfica e do óleo de cozinha... e o banheiro dentro de casa, com banheira e chuveiro elétrico – aposentaram-se os pinicos! Na época, a Celma, minha irmã, falava-se, foi a primeira fabricianense a se formar no segundo grau, com direito a missa solene e presença do Prefeito, Sr. Rufino. E Fabriciano já tinha até mesmo um colégio onde se podia estudar os quatro primeiros anos do ginásio.





CORONEL FABRICIANO - Juventude



004 – Xinganinha



Uma figura destemida e temida na igreja matriz de Fabriciano, MG, era a arrumadeira Cianinha. Zelosa ao extremo. Dona da igreja. Vivia se encrespando com os meninos, principalmente quando iam ao catecismo – apelidada por eles de Xinganinha.

A Cianinha tratava-me muito bem. Apesar disso, invocava até mesmo com os Santos e suas imagens. Limpava o Crucifixo e ele soltou-lhe das mãos e foi ao chão. Não perdeu tempo: apanhou-o e, ao colocá-lo em cima do altar, brava como sempre, após um tremendo palavrão, falou brava: - Seu lugar é aqui!

Mirian, Darcy e a Rose, meus irmãos, tomaram broncas e mais broncas da Xinganinha – ela muito séria e compenetrada em seus afazeres eclesiásticos. Eles, apesar de broncas e mais broncas, levavam tudo na brincadeira.

Quando a Cianinha chegou ao céu, Jesus deve ter-lhe puxado uma das orelhas... e Nossa Senhora olhou-a meio de soslaio... depois receberam-na de braços abertos.





026 - Durmo numa boa!



No Clube Sete de Setembro, os bailes eram animados pelas danças dos Pereiras – entre eles a Aparecida, a Lélia, o Piu, o Nelson, o Sílvio, a Arlete, uma morena de um corpo escultural, e a Sônia - Miss Sete Lagoas, para onde seu pai, tio Totônho, Antônio Pereira, se mudou.

O palco do Clube, onde o conjunto tocava, era parede e meia com o quarto do Zé Luis, um aposentado novo, na Pensão da Baiana. Eu questionava o Zé, como ele conseguia dormir com a orquestra tocando a noite inteira, sem que seu quarto e o palco possuíssem nem sequer laje para abafar um pouco o barulho dos instrumentos:- “Numa boa, respondia-me ele. Só nas primeiras vezes é que me incomodou”. Acreditem!





032 - A varanda do Moacyr



O Moacir do Sô Quincas Farmacêutico gostava de jogar sinuca no bar ao lado da loja de papai. Sô Quincas, fez somente o grupo, era aquele médico de família que dava injeção na gente! Moacyr possuía um taco profissional, composto de pedaços que se encaixavam. Era o bamba! A bicicleta, de cor alumínio, também um sucesso - ele se equilibrava de mil e uma maneiras e a gente achava o máximo. Gordo, sempre vestido de linho. Admirava como a magrela agüentava tanto peso!

Sô Quincas detestava o Moacir deixar a farmácia para jogar sinuca. Certo dia entrou no bar e quebrou o taco profissional nas costas do filho.

Moacir nunca mais saiu de casa - tomou conta da farmácia, não deixando mais seu pai trabalhar. Construiu uma pequena varanda dando para o corredor ao lado da farmácia, para onde abria a janela de seu quarto. Ali recebia os inúmeros amigos com quem batia longos e prazerosos papos e comerciavam. Compra de lotes, casas e carros realizavam-se naquela pequena varanda e corredor – a qualquer hora havia gente por lá. O carro servia para os amigos olharem as casas e lotes a comprar ou comprados. Uma única vez o Moacir deu uma volta para conhecer a Usiminas, recém instalada em Ipatinga. O solteirão deixou fortuna!



Benedito Franco



Gostou?... Repasse para os amigos! Veja também: www.paralerepensar.com.br/beneditofranco.htm

Vamos doar sangue? Se você não pode, encaminhe um parente ou um amigo!

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