sábado, 11 de dezembro de 2010

PAPO DE CULTURA - Benedito Franco

Benedicto Franco


Com tanto bons cantores brasileiros, nossas TVs não se cansam de badalar os Beatles, o tal de Michael Jackson – um castigo chinês! - e nada de falar dos nossos! Uma lavagem cerebral, principalmente de nossos jovens!




080 - Navio C









De Punta partimos zarpamos para Buenos Aires, sem antes o navio ter quer voltar ao porto, pois duas coroas solteironas ficaram para trás - ao subirem a bordo levaram uma tremenda vaia, afinal atrasaram nossa estada na Capital.

Em Buenos Aires, minha irmã Rose perdeu os documentos; fui com ela à delegacia, onde senti todo o drama do povo com a ditadura reinante: choros, gritos e mais gritos de pessoas desesperadas sendo torturadas.

Indo à cidade, passávamos na Plaza de Mayo, onde se situam a Casa Rosada, sede do Governo - lindo palácio - e a Catedral. Andei andando nos ônibus para apreciar uma das mais belas salas de espetáculos do mundo: o Teatro Colon; para maravilhar-me com a mais larga avenida do mundo: a Avenida 9 de Julio (149 m); com o Obelisco e o imponente palácio do Congresso. Curioso: nos ônibus, três entradas, ou saídas, sendo uma ao lado do motorista e duas na parte traseira, uma de cada lado.

Com as meninas, seria impossível deixar de visitar a linda Calle Florida, onde há lojas e mais lojas de brinquedos. Ao lado, lembrando-me do tango A media luz, conheci o prédio antigo, dois andares, número 348 da Corrientes - lembrou-me, apesar de maior e um pouco mais larga, a Rua Caetés em Belo Horizonte. Esse tango, composto por um uruguaio, cita o número 348, que nada tem haver com o que é dito (A expressão significa “à meia luz”, no escurinho (Diz-se:
a-MÊ-dia LUÇ
, com “d” de dedo). No trajeto observei alguns operários almoçando e cujo almoço constava de um naco de carne, um bom pedaço de pão e uma garrafa de vinho – pareceu-me o almoço corriqueiro deles.

A caminho para La Plata, de ônibus, saímos de Buenos Aires, passando pela reserva ecológica, um cinturão verde que abraça toda a cidade, indo à maravilhosa Ciudad de los Niños - uma "cidade" onde as casas são réplicas dos mais famosos castelos do mundo, em tamanho pequeno. Durante as férias, alunos de colégios passam os dias por lá, inclusive há eleições entre eles: do prefeito, vereadores e outros cargos públicos importantes. Admirável!

No caminho dá para sentir o orgulho e a vaidade do povo argentino, apreciando os enormes e exagerados portões das fazendas - lindos! Esse orgulho saudável produz fazendas enormes, de luxo e de alta tecnologia.

A cidade de La Plata que, no final do séc. XIX ganhou o prêmio de urbanismo moderno na Feira Internacional de Paris, serviu, logo depois, como modelo para a planta de Belo Horizonte. Visitamos a linda igreja gótica, a maior da América Latina (?) e o Museu de História Natural, o segundo maior do mundo - realmente maravilhoso! – onde há inúmeros esqueletos de imensos dinossauros e animais empalhados e bem naturais. Esse museu só é menor que o de Moscou. A catedral e o museu, dois orgulhos da cidade – e com razão.

Numa das noites em Buenos Aires fomos à Boite Miguel Ângelo – a catedral do tango na época. Encantamo-nos com a arquitetura e decoração do lugar, assim como nos inebriaram os tangos e suas danças, tanto dos instrumentistas como dos dançarinos. Decepção só quando tocaram entusiasticamente, o tamba – como diria o mineiro Ary Barroso: um sambinha meio sem-vergonha – para nós, meio sem sal ou tempero.

Deixamos Buenos Aires, assim como todas as cidades pelas quais passamos, com ótima impressão das pessoas e de sua educação. A Argentina e o Uruguai são maravilhosos.



Benedito Franco

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