VEREADORES APROVAM 31 PROJETOS EM SESSÃO EXTRAORDINÁRIA
Entre as propostas polêmicas estavam aumento de impostos e mudança nas
eleições para o Conselho Tutelar
Em sessão extraordinária realizada nesta quinta-feira, 23, os vereadores
aprovaram em segundo turno 31 projetos de autoria do Executivo. Os que
causaram mais discussões foram o que aumenta o ISSQN em 50% (PLC nº 9); e
o que altera as regras para as eleições de conselheiros tutelares,
restringindo a apenas a algumas pessoas o voto e exigindo curso superior
dos candidatos (PL nº 141).
Impostos
A pauta de votações foi invertida, e o PLC nº 9 foi o primeiro a ser
apreciado. O projeto e sua emenda – onde está previsto esse aumento do
ISSQN – foram aprovados, com votos contrários de Gerson Peteffi (PSDB),
Jesus Maciel (PTB), Leonardo Hoff (PP), Raul Cassel (PMDB) e Sergio Hanich
(PMDB).
Raul Cassel (PMDB) criticou o aumento de 50% (de 2% para 3%) na alíquota
do ISSQN devido por empresas de diversas áreas. "A população tem sido
radicalmente contra, preferindo que os governos tenham melhor gestão e que
atraiam mais investimento." Ele leu uma carta enviada pelo presidente do
Sindilojas, tratando da preocupação da entidade. O vereador disse
acreditar que os empreendedores não vão aguentar o aumento na carga, e que
o reajuste vai ser repassado a todos os cidadãos. Em seguida, Alex Rönnau
(PT) apontou que é fácil ser oposição ir à tribuna e criticar o governo,
lembrando que o PMDB já votou a favor do aumento de impostos.
Gerson Peteffi (PSDB) salientou não concordar com o proposto. "Não se pode
buscar no passado a justificativa. Cidades vizinhas estão tentando atrair
empresas hamburguenses", ponderou. O vice-presidente da Câmara, Sergio
Hanich (PMDB), também posicionou-se contra. "Peço que façam o que a
maioria quer: não aumentar impostos." O presidente Jesus Maciel (PTB)
citou uma carta que recebeu da CLD, informando que na cidade há cerca de
15,8 prestadores de serviços. "A maioria são pequenos empresários, que
terão que pagar mais impostos."
Matias Martins (PT) justificou seu voto afirmando acreditar que o prefeito
Tarcísio Zimmermann fez o possível para retardar essa situação. "Ele
recebeu prefeitura com muitas dívidas. Gestor público tem que ter
responsabilidade." O líder do governo, Gilberto Koch (PT), disse que
apenas oito itens tiveram reajuste – portanto, o aumento não vale para
toda a cidade. Ele citou diversos investimentos do governo, que precisam
de recursos, e também uma grande dívida do Ipasem. "Temos que ter
responsabilidade."
Leonardo Hoff (PP) apontou que está sendo coerente com seu posicionamento
ao longo de sua carreira política – contra o aumento de impostos. "Se um
dia meu partido chegar à prefeitura e ocorrer situação semelhante, também
vou me opor." Carmen Ries (PT) disse que votou sim pois, em uma reunião
com o prefeito, o projeto foi esmiuçado. "Ele nos apresentou as
consequências."
Conselho tutelar
O PL nº 141, que limita o voto a conselheiros tutelares de Novo Hamburgo e
torna obrigatório formação superior a candidatos (ver texto completo ) foi
aprovado por nove votos a quatro. Foram contra Gerson Peteffi (PSDB),
Matias Martins (PT), Raul Cassel (PMDB) e Sergio Hanich (PMDB).
Um dos objetivos do PL é solucionar os problemas enfrentados nas eleições
dos conselheiros – na cidade, pleitos já foram anulados e suspensos. A
atuação do Conselho Tutelar, órgão previsto no Estatuto da Criança e do
Adolescente, também tem sido alvo de diversos questionamentos.
A proposta estabelece que podem votar diretores, vice-diretores,
coordenadores pedagógicos e orientadores educacionais ou equivalentes, dos
estabelecimentos de ensino público e particular; presidentes e
vice-presidentes de associações de pais e mestres, ou entidades
equivalentes; dois representantes de cada organização social com sede no
município e que atue na defesa e promoção dos direitos da criança e do
adolescente; presidente ou seu equivalente de cada entidade reconhecida de
Utilidade Pública por lei municipal; e os membros do Conselho Municipal da
Juventude. Cada eleitor terá direito a votar em cinco candidatos ao cargo
de conselheiro tutelar, sendo que cada voto terá peso ponderado de acordo
com o número de candidatos votados.
Além disso, será requisito para inscrição ao cargo de conselheiro tutelar
escolaridade de nível superior nas áreas da pedagogia, psicologia, serviço
social, sociologia, filosofia, teologia, direito ou licenciatura em
educação física. Essa é uma das maiores mudanças: de acordo com a lei
atual, podem concorrer pessoal com nível fundamental completo. Mas haverá
um período de transição: para a primeira eleição realizada nos termos na
nova lei, será requisito para inscrição ao cargo a comprovação de
matrícula em uma das áreas determinadas e a comprovação da habilitação em,
no mínimo, 30% dos créditos exigidos para a graduação; para a segunda
eleição, no mínimo 70%. Apenas para a terceira eleição será requisito a
titulação em nível superior em uma das áreas determinadas.
A pedido de Raul Cassel (PMDB), as emendas foram votadas primeiro. Duas
propostas de vereadores – uma de Gerson Peteffi (PSDB) e uma de Cassel –
foram rejeitadas. A de Peteffi estabelecia como requisito à candidatura
qualquer formação superior, e a de Cassel abria a possibilidade de voto a
todos os cidadãos, em um sistema misto de escolha. Outras duas foram
aprovadas: uma de Cassel, proibindo o pagamento a membros do colegiado
criado para fiscalizar o Conselho Tutelar; e outra de Carmen Ries,
estendendo o direito à candidatura também a licenciados em áreas
específicas do conhecimento nos ensinos fundamental e médio.
Cassel apontou que a proposta tira da população a possibilidade de
escolha, sendo uma afronta à democracia. Volnei Campagnoni (PCdoB)
defendeu a proposta, apontando que a eleição a conselheiros tutelares
havia se tornado uma disputa político-partidária. "Sou a favor de uma
proposta nova, que qualifica o conselheiro." Ito Luciano concordou que a
novidade implica melhor representatividade, pois os diretores de escola
conhecem os problemas enfrentados pelas crianças e pelos adolescentes.
Matias Martins (PT), contrário ao PL, disse que o ensino superior não
deveria ser obrigatório. "Por coerência, vereador que não tem nível
superior não pode mais pedir votos", apontou. Ele pediu uma CPI para
investigar o CMDCA, devido aos problemas nas eleições anteriores. Leonardo
Hoff (PP) criticou também a forma partidária como ocorrem as eleições
atualmente. "Chamo a atenção para o voto dos diretores, vice-diretores,
coordenadores e outros. Se alguém disser que todas essas pessoas são
manipuláveis, vou tirar meus filhos da escola. Mas se confio nos diretores
que cuidam os meus filhos, posso confiar neles na hora de votar."
Carmen Ries (PT) lembrou que os diretores de escola são eleitos – assim
como os vereadores. Portando, o conteúdo do projeto não pode ser
considerado antidemocrático. Ela ainda defendeu a qualificação dos
conselheiros. Sergio Hanich (PMDB) salientou que é preciso, antes de tudo,
dar condições de trabalho aos conselheiros. "E deixar a comunidade avaliar
o trabalho deles." O presidente Jesus Maciel (PTB) disse que houve alguns
avanços em relação ao projeto original. "Mas fica sempre a dúvida: por que
o povo não teria condições de eleger conselheiro? Nós elegemos o
presidente, o governador...", questionou. Gerson Peteffi (PSDB)
posicionou-se contra a proposta, lembrando que a democracia é um direito
conquistado com dificuldades, e expressou seu medo em perdê-lo.
Demais projetos
Também foram aprovados projetos que criam uma política de fomento à
economia solidária e um plano de manejo para o Parcão, muda a lei de
contatação de monitores, altera o quadro de funcionários da Comusa e da
Procuradoria Geral do Município, e autoriza o Executivo a contribuir
mensalmente com a Federação da Associação de Municípios do Rio Grande do
Sul - Famurs, com a Confederação Nacional dos Municípios – CNM, e com a
Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos – AMVRS, entre outros.
Ver todos aqui (Ordem do Dia de 23 de dezembro de 2010).
sábado, 25 de dezembro de 2010
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