quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Realidade aumentada auxilia na reabilitação de membros afetados por Acidente Vascular Encefálico




Professoras apresentam pesquisa em Congresso Brasileiro de Fisioterapia, em Santa Catarina



Entre os dias 9 e 12 de outubro, a professora Maria Bernardete Rodrigues Martins, do curso de Fisioterapia da Feevale e a professora Gilda Aparecida de Assis, do curso de Ciências da Computação, apresentarão a pesquisa “Sistema NeuroR na Reabilitação de Membro Superior de Indivíduos Acometidos por Acidente Vascular Encefálico” durante o XIX Congresso Brasileiro de Fisioterapia (AFB 2011), em Florianópolis, Santa Catarina.



A pesquisa interdisciplinar teve como objetivo verificar se o sistema NeuroR promove ganho de Amplitude de Movimento (ADM) na flexão e abdução do ombro, na reabilitação de membro superior de indivíduos acometidos por Acidente Vascular Encefálico (AVE). O trabalho se iniciou em 2009, a partir da tese de doutorado da professora Gilda Aparecida de Assis na USP – Escola Politécnica de Engenharia Elétrica, utilizando-se da realidade aumentada para a reabilitação de pacientes da Clínica de Fisioterapia da Universidade Feevale. A Instituição foi a primeira a utilizar o Sistema Neuro-R na reabilitação de membro superior de pacientes com Acidente Vascular Encefálico.



No projeto, o paciente fixa eletrodos no braço lesado e a partir de um aparelho de eletromiografia é possível fazer o registro do movimento e mensurar o recrutamento dos músculos que estão em atividade naquele momento. O sistema NeuroR, criado pela professora Gilda, é uma tecnologia que substitui a imagem do braço lesado pela imagem de um braço virtual que aparece em uma tela em frente ao paciente, a imagem é capturada pela câmera em tempo real. Ao ver o braço virtual se movimentar na tela, o paciente, instintivamente, tenta reproduzir o movimento. “Quando criei o sistema não imaginava que teria este retorno dos pacientes, não sabia que eles tentariam reproduzir os movimentos virtuais. O resultado foi melhor que o esperado. A partir disso, tive que fazer algumas adaptações na tecnologia para poder mensurar a força que este paciente estava exercendo”, esclarece Gilda.



Entre os diversos objetivos da fisioterapia no tratamento das disfunções causadas pelo Acidente Vascular Encefálico, o principal deles é maximizar a capacidade funcional do paciente, possibilitando que o mesmo realize de forma mais independente possível, suas atividades diárias. “Existem várias terapias de reabilitação, sendo a Prática Mental (PM) uma delas. Estudos sobre a eficácia da PM mostram um aumento da utilização e da função motora do membro superior afetado por AVE, por este motivo buscou-se as tecnologias de realidade virtual e realidade aumentada, elas são um grande atrativo para a reabilitação neurológica”. No ambiente de realidade aumentada, o paciente pode visualizar a si mesmo e o cenário real ao seu redor, como em um espelho.



As pesquisas continuaram durante o trabalho de conclusão de curso da fisioterapeuta Eveline Wendt, orientada pela professora Maria Bernardete, que utilizou o sistema para reabilitação de membros e através da biofotogrametria mediu o ganho de amplitude de movimento na abdução e flexão do ombro. Segundo a professora Maria Bernardete, os resultados foram significativos. “Quem tem a lesão sente a necessidade de fazer o movimento e essa reprodução fez com que muitos pacientes tivessem melhoras visíveis”, afirmou a professora.



Para Marilene Beatriz Brill, paciente da Clínica de Fisioterapia da Feevale desde 2006, o tratamento com o uso do sistema NeuroR a ajudou a fazer movimentos com o braço até então considerados impossíveis. “Hoje consigo fazer atividades do dia a dia que antes não conseguia fazer, como varrer o chão e estender roupa. Os médicos haviam dito que era mais fácil eu ter outro AVE antes de conseguir recuperar os movimentos, o que não foi verdade. Hoje moro sozinha com o meu filho e sou independente”. Marilene foi afetada pelo AVE em 1999, aos 33 anos de idade. Destra, ela aprendeu a fazer todas as atividades com o braço esquerdo, no entanto, agora consegue utilizar os dois braços. “De todos os tratamentos que fiz, este foi o que me fez ter uma melhor evolução. Tive que aprender a fazer todos os movimentos como se fosse uma criança. Hoje me sinto orgulhosa de ver que a cada dia consigo fazer melhor do que no dia anterior”, salienta Marilene.



Segundo as professoras, durante os testes da tese, um grupo experimental composto por pacientes atendidos na Clínica da Feevale, participou do experimento utilizando o sistema NeuroR. Um grupo controle, composto por pacientes atendidos no Cerepal em Porto Alegre e que apresentavam deficiências motoras de membro superior similares aos pacientes do grupo experimental, recebeu apenas a terapia de prática mental no mesmo período, sem utilizar o sistema NeuroR. Os ganhos obtidos no grupo da Clínica foram muito superiores aos ganhos obtidos pelo grupo controle.



De acordo com as pesquisadoras, o próximo passo é dar continuidade às pesquisas, buscando analisar, por exemplo, a evolução dos movimentos em membros inferiores; para isso o sistema precisa ser adaptado. “Este é um sistema eficaz que pode ser utilizado em outras áreas da fisioterapia, precisamos fazer novos testes em grupos experimentais”, afirma a professora Maria Bernardete.

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