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Mercados
Erro humano pode ser a causa de tombo nas bolsas mundiais
Marcel Salim e Conrado Mazzoni (redacao@brasileconomico.com.br) - Atualizado às 18h32
06/05/10 15:53
Um erro humano, somado ao medo de disseminação da crise na Grécia e às más notícias sobre o setor financeiro nos Estados Unidos, provocaram hoje (6) a derrocada das bolsas mundiais.
Wall Street chegou a tombar mais de 9%, a pior queda diária desde o "crash" em 1987. Os investidores se desfizeram de ações e migraram para ativos tidos como mais seguros, assim como o dólar, que teve sua maior elevação desde 2 de março de 2009.
Erro humano
Várias informações apontam que um erro humano pode ter provocado a maior queda em Wall Street já vista em anos. A CNBC informa, citando várias fontes, que um "trader" do Citigroup apertou a tecla "B" (de bilhões) ao invés do botão "m" (de milhões), inundando o mercado com uma pressão vendedora que alavancou as perdas.
A ordem foi emitida sobre os papéis da Procter & Gamble. No entanto, fontes oficiais da NYSE Euronext adiantaram à Bloomberg que existiram de fato "vários erros", mas na plataforma do Nasdaq. O assunto está sendo investigado pela bolsa americana.
Nervosismo
Não apenas por erro humano, o caos nos mercados visto hoje foi também atribuído a um relatório da agência de classificação de risco Moody's. O documento revelou que a crise gerada pela dívida da Grécia poderia se disseminar e afetar o sistema bancário de outros países, como Espanha, Irlanda, Itália, Portugal e Reino Unido.
A instituição apontou que o índice que mede a percepção de risco de default da Europa aumentou de 7,3%, em março, para 7,8%, em abril. Em mesmo período do ano passado, a taxa estava em 5,6%.
Alguns rumores apontaram até para sinais de risco sistêmico no setor financeiro.
A agência de notícias CNBC apurou, junto a um operador que pediu anonimato, que alguns bancos europeus pararam de realizar empréstimos, alegando falta de liquidez.
"É o pânico. O mercado tem medo de que a situação na Grécia impeça a retomada econômica e congele os mercados de crédito", afirmou um gestor de fundos à Bloomberg.
Segundo a Moody's, os bancos europeus teriam US$ 186,6 bilhões em dívida grega.
Para piorar, os protestos realizados na Grécia contra o plano de austeridade estipulado pelo governo socialista grego, em troca de uma ajuda de € 110 bilhões da UE e do FMI, também elevaram o pessimismo.
"Apesar de o parlamento grego ter aprovado o pacote de austeridade, o que o mercado teme é que o plano será difícil de ser implementado, porque a reação do povo foi fortemente contra. Não adianta escrever no papel. Se a população não quiser, não vai a lugar algum", disse Sidnei Nehme, diretor executivo da NGO Corretora em São Paulo, em declaração à Bloomberg.
A Casa Branca anunciou que as reformas na Grécia são "importantes", mas que "levarão tempo", assegurando que o Tesouro americano está acompanhando a situação, no momento em que os mercados registram grandes perdas.
Mais tensão
A aprovação pelo Senado americano de uma emenda ao projeto de reforma financeira, que eleva a taxa paga pelos grandes bancos ao fundo garantidor de crédito, também provocou a fuga de investidores das bolsas.
O Senado dos Estados Unidos concordou, por 98 votos a favor e nenhum contra, em permitir que pequenos bancos paguem uma contribuição menor para o FDIC (Federal Deposit Insurance Corp), o fundo garantidor de depósitos do sistema bancário americano.
Esse fundo assegura a devolução de depósitos de até US$ 250 mil no caso de falência da instituição financeira. A mudança obrigaria o FDIC a fixar o valor das contribuições com base nos riscos assumidos pelos bancos - uma fórmula que, na prática, faria as instituições maiores pagar uma quantia mais elevada.
Reação
Em poucos minutos, o Dow Jones tombou 1.000 pontos, com forte declínio de 9,2%, atingindo o pior recuo diário desde 1987. Na mesma tendência, o S&P chegou a recuar 8,59%.
Ao final da tarde de quinta-feira, antes do fechamento dos pregões, as perdas foram amenizadas. Os índices Dow Jones e Nasdaq terminaram o dia com recuo de 3,20%, a 10.520,32 pontos, e 3,44%, para 2.319,64 pontos, respectivamente, com ambos zerando os ganhos conquistados no acumulado de 2010. O S&P 500 perdeu 3,24%, para 1.128,15 pontos.
Brasil
Após registrar queda de 6,38% nesta tarde, a bolsa brasileira também conseguiu recuperar parte das perdas.
Ao final do pregão, o Ibovespa recuou 2,31%, aos 63.414 pontos. O volume financeiro total negociado foi de R$ 10,63 bilhões, com mais de 629 mil negócios.
Entre os destaques da sessão, as ações ordinárias da Rossi Residencial lideraram as perdas, com queda de 8,34%, negociadas a R$ 12,20.
Brasil Ecodiesel e OGX Petróleo também figuram entre os piores desempenhos do Ibovespa.
Entre os ativos de maior peso no Ibovespa, Petrobras PN apresentou baixa de 1,32%, a R$ 29,81; Vale PNA recuou 2,33%, a R$ 43,17; Itaú Unibanco PN se desvalorizou 1,19%, a R$ 36,24; BM&FBovespa ON teve queda de 2,87%, a R$ 10,49; e Gerdau PN caiu 0,95%, a R$ 26,85.
Refúgio
O temor de que a crise grega tenha se espalhado a outras economias da Europa levou os investidores a buscarem posição no dólar nesta quinta-feira.
Ao término dos negócios, a divisa americana registrou alta de 2,84% ante o real, cotada a R$ 1,847 na compra e R$ 1,849 na venda.
É a maior variação percentual desde 2 de março de 2009 e a cotação mais alta de fechamento desde 12 de fevereiro deste ano.
No pior momento do dia, o dólar chegou a avançar 5,17%, cotado a R$ 1,891.
Jornal de negócios/ Portugal
"Houve inúmeras transacções erróneas" durante a queda de quase 1.000 pontos do Dow Jones, alertou a NYSE Euronext, justificando assim a queda momentânea de mais de 9% nas bolsas de Wall Street.
“Acabaram de me informar que o Nasdaq está a investigar todas as transacções erróneas”, referiu Rich Adamonis, porta-voz da NYSE Euronext, citado pela Bloomberg.
“O que aconteceu hoje com a Procter & Gamble, por exemplo, é que a ordem errada foi no Nasdaq, não aqui”, afirmou Adamonis, aludindo à queda de 37% da P&G.
O Nasdaq comunicou que está a investigar o que se passou.
As bolsas norte-americanas fecharam a descer mais de 3%, depois de terem chegado a recuar mais de 9% momentaneamente, devido a erros em alguns negócios, o que depois levou a que o pânico se apoderasse dos investidores. O Dow Jones registou a maior perda desde 1987.
O Dow Jones recuou 3,21% para 10.519,79 pontos, tendo chegado a descer 9,19%, a maior descida desde 1987. O Nasdaq desvalorizou 3,44% para 2.319,64 pontos, tendo perdido 9,01%, e o S&P500 cedeu 3,24% para 1.128,11 pontos, o único que não perdeu mais de 9% (-8,59%).
“Houve inúmeras transacções erróneas” durante a queda de quase 1.000 pontos do Dow Jones, alertou a NYSE Euronext, justificando assim a queda momentânea de mais de 9% nas bolsas de Wall Street.
Estas transacções erróneas provocaram também pânico entre os investidores, que sem saberem o que se tinha passado acabaram por ser contagiados.
Os receios dos investidores em relação a uma contaminação da crise de dívida que se vive actualmente na Europa têm contribuído para a queda das bolsas, que já mais do que anularam totalmente os ganhos acumulados nos primeiros quatro meses deste ano.
Além de uma possível contaminação, o facto de a Europa estar numa situação de fragilidade que pode minar a recuperação económica mundial também tem condicionado a negociação.
Esta descida foi ainda verificada pelo euro, que chegou a deslizar 2,22% para 1,2529 dólares, o que corresponde ao valor mais baixo desde 6 de Março de 2009. Nesta altura, a moeda única segue a ceder 1,55% para 1,2615 dólares.
E pressionado pelo fortalecimento do dólar, o petróleo também deslizou mais de 6%.
Nesta altura, o West Texas Intermediate (WTI) recua 3,74% para 76,98 dólares e o Brent, negociado em Londres e de referência para Portugal, desce 3,52% para 79,70 dólares.
sexta-feira, 7 de maio de 2010
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